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segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

【 "SUA CASA, GAROTA." ☠ 】

          O silêncio entre os dois não incomodava Dante. Não era forçado ou inchado de raiva, de motivos. Somente sossego, a aceitação mútua de que palavras eram desnecessárias. Um não perguntava ao outro a causa da quietude, entendo que, às vezes, falar nada é a melhor opção.
          Ele estava no sofá, pernas esticadas na mesinha bamba e detonada, o controle do video game no colo quando Mina apareceu visivelmente fula naquela tarde, um humor que só poderia levar a socos e pontapés. Deixa ela. E a ruiva pegou o que queria na geladeira antes de se jogar no mesmo sofá, uma bola de destruição que empurrou Dante para o lado sem qualquer cautela. Nunca esperou cuidado de ninguém, uns empurrões da Tirana não fariam mal.
          Foi depois de alguns minutos com olhos colados na tv que sentiu a mudança ao redor, ainda que pequena. O ar na sala esquentava devagarinho, despercebido, pequenas ondas de cinza flutuavam até o teto distante da Devil May Cry. Fenômeno que nunca tinha visto senão no final de incêndios, quando o fogo já havia consumido tudo e todos em seu caminho arrebatador.
          
          Tudo e todos.
          Não era preciso se virar em direção a Mina para saber que a fuligem vinha dela, e mesmo assim o Vermelho se virou, encontrando a moça encostada em seu ombro, olhos - olho - fechados e a inocência do sono moldando as feições de menina. Sim, pois ela era uma jovem, mesmo com todas as merdas que falava, todas as merdas que tinha vivido e guardava trancadas no peito. Mina, mulher que chutaria sua bunda de uma ponta a outra do Inferno, mas que ainda tinha problemas controlando o próprio poder enquanto descansava. Isso explicava algumas nuances de seu comportamento.
          Dante permaneceu imóvel, sem desperta-la de um sono negligenciado por tanto tempo. Se tinha confiança em adormecer ali, quem era ele para estragar tudo? Arrumou a coberta fina sob o colo dela, tirou a garrafa da mão que teimava em segurar num aperto frouxo e molenga. Descansa aí, era o queria dizer. Optou pelo silêncio, entretanto, porque ela entenderia.
          Sua casa, garota. Fique o quanto precisar.
DRABBLE ESCRITA PELA EMY (A PLAYER DO DANTE)

【 O BEIJO ☠ 】

          Dante não está ali para ponderar sobre apelidos. Hoje ele tem a missão de irritar ou agradar a Tirana para sempre, e julgando suas escolhas passadas, a primeira opção parece ser a mais provável. O pensamento não para o Caçador de se aproximar da mulher, segurando-a sem força pelos ombros femininos. Pequena, fina, leve. Dante sorri para ela em silêncio, aquele sorriso malandro de quem não tem medo de consequências. Olhos cristalinos traçam os contornos do rosto que se acostumara a ver adentrando a Devil May Cry sem bater na porta, o rosto pálido e salpicado de sardinhas claras nas bochechas e nariz. Rostinho que não é angelical nem de longe, mas que guarda uma doçura amarga que só o Híbrido pode ver. Ele quer ser o único a poder ver aquele lado dela.
          Egoísta, sim.
          Ele leva as mãos até as laterais da face de Mina, segurando-a sem força no lugar. Aproxima-se quieto, certo do que fazer, e deposita um beijo no topo da cabeleira ruiva. Dá para sentir o perfume dela, a maciez dos fios em fogo pressionados contra os lábios dele. Dante suspira uma vez, guardando dentro de si a fragrância da moça como memória preciosa. Memória daquele momento único, daquele dia em que nenhum dos dois precisou trocar uma palavra para demonstrar amor.
          Demora-se no beijo… O tempo que precisar.
DRABBLE ESCRITA PELA EMY (A PLAYER DO DANTE)